quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

O Carnaval explicado às crianças.

 Porque todas as crianças são (felizmente) extremamente curiosas, é natural que algum pequeno índio ou cowboy pergunte porque é que em Fevereiro ou em Março se pode vestir e sair à rua de capuchinho vermelho ou de super herói e fazer brincadeiras com serpentinas e pistolas de água…


E, para evitar, que as nossas crianças achem que o Carnaval é uma espécie de Halloween fora de época (sacrilégio dos sacrilégios!) resolvemos fazer este post.


Ora bem… sentem-se porque a história é longa.

Há muitos, muitos anos, no tempo em que os animais falavam….(não, mas quase) há mais de seis mil anos atrás, nas margens do Rio Nilo, no antigo Egipto ocorriam celebrações de fertilidade que alguns investigadores defendem que eram homenagens à deusa Ísis (Deusa da Maternidade e Fertilidade) ou ao Deus Osíris (Deus associado ao Renascimento).

As tradições mantiveram-se obviamente durante toda a Grécia  e Roma Antiga em que realizavam seus cultos em agradecimento aos deuses pela fertilidade do solo e pela produção.

E, parafraseando, Asterix como “Estes romanos são loucos”, na Roma Antiga, as festas ganharam contornos  digamos mais...hummm …carnais. 

Todas as actividades e comércio eram suspensos, os escravos ganhavam liberdade temporária, aspessoas saíam às ruas para dançar, beber e comer. A euforia era geral. Na abertura dessas festas, carros alegóricos semelhantes a navios saíam com homens e mulheres.
Estes eram chamados os “carrum navalis”. Há quem diga daí saiu a expressão “carnevale”.

Outros investigadores, defendem que  o nome Carnaval é de origem cristã. A palavra pode ter surgido quando Gregório I, em 590 d.C. transferiu o início da Quaresma para quarta-feira, antes do sexto domingo que antecede a Páscoa. Ao domingo anterior deu o nome de “carne levamen”, que representa a acção de “tirar a carne”. Na terça-feira de Carnaval, seria o último dia em que era permitido comer carne, pois, de seguida, viriam os 40 dias de jejum até à Quaresma.


        
Tal poderá fazer algum sentido e explicar o conceito de “Mardi Gras”  –terça-feira (gorda)de Carnaval que antecede a Quarta-feira de Cinzas, o primeiro dia da Quaresma (os 40 dias de “jejum” e privação.


E passamos ainda a gostar mais da letra de “A Felicidade” do Vinicius de Moraes :

A felicidade do pobre parece
A grande ilusão do carnaval,
A gente trabalha o ano inteiro
Por um momento do sonho
Pra fazer a fantasia de rei ou pirata ou jardineira
Pra tudo se acabar na quarta-feira


O certo é que todos os anos, a terça-feira de Carnaval ocorre sempre 47 dias antes da Páscoa.

Mas com tanta  euforia, tais práticas tornaram-se intoleráveis aos olhos da Igreja...
 E só em 1545, durante o Concílio de Trento, é que o Carnaval voltou a ser uma festa “oficial” com a adopção de práticas “aparentemente” mais ordeiras como baile de máscaras e desfiles alegóricos.
Digamos que a máscara salvava e escondia tudo…e daí a tradição das máscaras venezianas, dos cabeçudos e caretos em Portugal e do nossos fatos do capuchinho vermelho e homem aranha que falámos no início da história.





E porque é que em certas zonas de Portugal se diz Entrudo?


O entrudo português remonta à Idade Média, onde se celebrava o período carnavalesco com variadas brincadeiras dispersas pelas diversas localidades.

Entrudo” provém do latim, da palavra “introitus” e significa entrada, introdução. Refere-se à entrada na Quaresma, que começa no dia seguinte ao Entrudo, na quarta-feira de Cinzas – sendo uma data de excessos que precede um período de abstinência.

Bem e daí até ao maior espectáculo do mundo que é o Carnaval do Rio de Janeiro, foi um passo.
              

Os festejos carnavalescos, com o nome de Entrudo, foram levados para o Brasil pelos portugueses. 

Durante estes festejos eram levadas a cabo brincadeiras violentas, com os foliões a lançarem farinha, tintas e água suja uns aos outros. Estas práticas foram proibidas por lei e, por isso, passaram a ser utilizadas serpentinas de papel e confetti coloridos. 

Aos poucos, o entrudo português foi sendo adaptado, ao assimilar as tradições africanas. A tradição dos desfiles têm origem nas reuniões de escravos, que organizavam cortejos com bandeiras e improvisavam cantigas ao ritmo de marcha. Aos escravos devem-se os ritmos e instrumentos de percussão usados no Carnaval brasileiro. 

No século XIX, os operários urbanos começaram a juntar-se em grémios (associações profissionais), que continuaram e desenvolveram a tradição dos desfiles. Ao mesmo tempo que se desenvolviam as futuras escolas de samba, institucionalizadas no Rio em 1935, as classes altas importavam da Europa os sofisticados Bailes de Máscaras e as Alegorias.

 

E queridos “Índios e Cowboys” agora que já a história chegou ao fim, digam lá se não faz ainda mais sentido a expressão “Porque a vida são dois dias e o Carnaval são três.”?

E, por isso, mesmo vamos à festa!

 

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